Os juízes cearenses obtiveram duas vitórias no ato promovido pela Associação Cearense de Magistrados (ACM), como parte do “Movimento pela Democratização e Transparência do Judiciário”, na quinta-feira, 24 de julho, no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE). Na ocasião, os desembargadores do Pleno decidiram, por unanimidade, conceder a palavra na tribuna ao presidente da ACM após negativa do presidente em exercício da Corte, desembargador Lincoln Araújo e Silva. Além disso, o chefe interino do Judiciário anunciou que estão sendo elaborados editais para a realização de promoções e remoções de magistrados após as eleições.
“Foi uma ocasião histórica, pela primeira vez o Pleno do TJCE decide por unanimidade que a ACM possa se manifestar na sua tribuna a respeito de assuntos de interesse da classe. Fica a expectativa de que os pleitos da associação doravante sejam encaminhados com mais facilidade, de modo que a judicatura e a sociedade cearenses só têm a ganhar”, avaliou o presidente da ACM, juiz Antônio Araújo.
Protesto
No início da tarde, os 66 juízes que participavam da mobilização sentaram-se no auditório do Pleno, na expectativa de que a Corte atendesse pedido da ACM, feito por meio de ofício, para pronunciamento antes do começo da sessão. A associação pleiteia que o direito de voz seja contemplado no regimento do TJCE. Porém, percebendo indiferença diante da solicitação e o prosseguimento da pauta, os magistrados protestaram, durante um período, perfilados de pé, em frente ao Plenário.
Antes do final da pauta, alguns desembargadores solicitaram que o presidente da sessão, desembargador Lincoln, atendesse o pedido da ACM. Entre eles, Rômulo Moreira, Mário Parente, Sérgia Miranda e Lisete Gadelha. Contrário à manifestação oral, o chefe interino alegou “não haver previsão legal nem regimental” e deu a requisição por contemplada após comentar a pauta de reivindicações dos juízes. Os desembargadores persistiram e o chefe interino concordou.
Unanimidade no Pleno
Cada um dos desembargadores votou a favor da manifestação da ACM na tribuna. Muitos aludiram ao aspecto democrático da concessão da palavra. “Como um juiz é guardião da constituição, escolhe em conjunto seu representante e este não tem acesso ao direito constitucional que é participar e ser ouvido na nossa corte maior? O que vale mais, o nosso regimento ou os princípios constitucionais que sustentam o estado democrático de direito? Onde o presidente da associação dos magistrados, que foi eleito democraticamente pelo 1º e 2º graus não tem acesso à Corte nós não temos condição de ter uma democracia completa. Ou é democracia plena ou não é democracia”, destacou o desembargador Teodoro Santos. Ele foi um dos vários a defender a modificação do regimento do TJCE para permitir o direito de voz à ACM.
Pronunciamento e pleitos
Em seu discurso, o presidente da ACM, juiz Antônio Araújo, aludiu à relevância do canal aberto entre a associação e a Corte. “Estamos confiantes que não é mais necessário bater às portas do CNJ porque é aqui que nós devemos resolver nossas questões”, afirmou.
Araújo ainda comentou sobre a busca da categoria por soluções para os vários problemas do Judiciário, com pedidos anteriormente oficializados junto ao TJCE. Entre as dificuldades, a falta de 96 juízes; a necessidade de mais de 300 novos cargos de servidores; dezenas de juízes respondendo por mais de uma comarca; a falta de segurança nos fóruns e de pessoal, principalmente no interior, para controlar equipamentos de proteção existentes.
Retroativo ao auxílio-alimentação
Durante o debate, o desembargador Lincoln anunciou que o requerimento da ACM referente ao retroativo do auxílio-alimentação foi distribuído. O relator da matéria é o desembargador Luiz Evaldo Leite.
Movimento
As próximas datas de atos do movimento dos magistrados são: 14 de agosto, 11 de setembro, 9 de outubro, 13 de novembro e 4 de dezembro.