Trinta e cinco anos depois de ser promulgada, a nossa Constituição ganhou a primeira tradução oficial em uma língua indígena. A cerimônia foi realizada na maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Rosa Weber. A escolha de São Gabriel da Cachoeira tem um valor simbólico, já que mais de 90% dos 47 mil habitantes do município são indígenas. A ACM comemora essa evolução e parabeniza aos indígenas pelo trabalho realizado nessa tradução.

A Constituição em Nheengatu foi feita por um grupo de 15 indígenas bilíngues da região do Alto Rio Negro e Médio Tapajós, em promoção ao marco da Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) das Nações Unidas. A tradutora Dadá Baniwa disse que foi um trabalho “árduo e desafiador, mas também de muita alegria”. Segundo o IBGE, o Brasil tem 305 povos indígenas que, até hoje, conseguiram preservar 274 línguas diferentes. O Nheengatu é considerada um tipo de língua geral amazônica, falada por diferentes povos.

Para o presidente da ACM, José Hercy Ponte de Alencar, a tradução representa um avanço importantíssimo na busca por mais inclusão e igualdade. “A Constituição é para todos, por isso ela precisa estar acessível. Essa tradução vai possibilitar que os indígenas entendam mais sobre o funcionamento dos três poderes e aprendam sobre as leis na sua própria língua, sem precisar se adaptar a qualquer outra linguagem”, explicou.

Texto com informações do G1 e do CNJ, com adaptações para o site da ACM