A Associação Cearense de Magistrados (ACM) e a Escola Superior de Magistratura do Estado do Ceará (ESMEC) realizaram nesta sexta-feira (22) um Ciclo de Debates em que foram discutidas as relações entre o Poder Judiciário e o Jornalismo, em um primeiro momento, e a questão do associativismo na magistratura, em um segundo momento. O evento foi aberto pelo presidente da ACM, Ricardo Alexandre Costa.

O primeiro debate intitulado “Questões entre Judiciário e Jornalismo” foi conduzido pelo coordenador da ESMEC, Ângelo Bianco, e contou com a presença dos debatedores Inácio Aguiar, editor de Vida Pública do Sistema Verdes Mares (SVM); Kezya Diniz, editora de Política do jornal O Estado; Ariane Cajazeiras, editora e âncora da Tribuna Band News FM; e Plínio Bortolotti, Diretor Institucional do Grupo de Comunicação O Povo.

“Esse não é um evento de instituições contrapostas. É um evento de profissionais com um intuito de aproximação e uma colaboração para compreender melhor, um o universo do outro, e qualificar ainda mais esse relacionamento. Portanto trata-se de um encontro colaborativo”, destacou Ângelo Bianco, antes do início do debate.

Cobertura jurídica na mídia

Para Inácio Aguiar, do SVM, há uma gradativa mudança na imagem que o jornalista e a sociedade, de um modo geral, têm da magistratura como um poder distanciado, especialmente em comparação com os demais Poderes. Já Kezya Diniz, do jornal O Estado, abordou critérios de noticiabilidade que, muitas vezes, são desconhecidos pela opinião pública, inclusive pelos próprios profissionais de Direito.

Ariane Cajazeiras, da Tribuna Band News FM, por sua vez, pontuou diferenças entre os níveis de interação que o profissional de rádio tem com o público, com a que ocorre na realidade da produção televisiva ou na do jornalismo impresso. Por fim, Plínio Bortolloti, do Grupo de Comunicação o Povo, levantou a provocação de que o Judiciário deve buscar primeiro se aproximar da sociedade, para que de forma natural se aproxime da imprensa.

Embora contando com uma plateia heterogênea, o primeiro debate teve como opinião consensual a relevância de se discutir relações entre a magistratura e os jornalistas. De acordo com o juiz de Direito, Fabiano Damasceno, “a ACM está de parabéns porque está colocando o Judiciário em evidência e a imprensa sabendo o outro lado do cotidiano do juiz”.

Já a estudante de comunicação Laryssa Bertuleza considerou que há de existir uma relação de respeito e confiança entre jornalistas e juízes e ressaltou que ambas as carreiras apresentam desafios em seus respectivos processos de formação acadêmica.

Movimento associativo em pauta

À tarde, foi a vez do debate “Associativismo na Magistratura: Desafios e Perspectivas”, que seguiu o mesmo formato utilizado na discussão da manhã.

Atuando como mediadora desse segundo momento do Ciclo de Debates, a diretora de Comunicação Social da ACM, Joriza Pinheiro, conduziu os primeiros temas abordados por cada um dos debatedores.

Integraram a mesa de discussões o presidente da AMB, Jayme de Oliveira, o presidente da ACM, Ricardo Alexandre Costa, a presidente da AMPB, Maria Aparecida Sarmento e o ex-presidente da ACM, Marcelo Roseno.

Em sua fala de abertura, Joriza Pinheiro destacou que “é muito importante refletirmos e discutirmos sobre a importância do associativismo, do ponto de vista individual do associado e também institucional. Precisamos refletir sobre o que queremos do associativismo; qual o papel das associações dos magistrados na sociedade; como cada um de nós pode e deve participar do movimento associativo e outras questões tão caras para nós, magistrados”.

Já o presidente da AMB fez um resgate histórico sobre o surgimento do associativismo e também tratou sobre os desafios na magistratura e a importância da participação dos magistrados no movimento associativo. Para ele, o maior desafio dos magistrados na atualidade é conseguir manter a categoria unida, mesmo como pensamentos diferentes, pois os objetivos são os mesmos.

Na sequência, Marcelo Roseno discutiu que perfil as associações devem assumir e destacou a importância de ter um equilíbrio virtuoso entre a defesa das prerrogativas dos magistrados e uma expressa da magistratura em causas coletivas estratégicas como direitos humanos, moralidade administrativa e inclusão social. Ele concluiu destacando que uma pauta fortalece a outra.

Por sua vez, Maria Aparecida Sarmento destacou o papel da mulher na magistratura e ressaltou a necessidade de uma participação feminina igualitária na profissão. “Desafios com relação a questões de gênero não podem ser tirados da nossa pauta, por mais que as outras sejam urgentes”, enfatizou a presidente da AMPB.

Em sua fala, Ricardo Alexandre destacou a importância de não se perder o diálogo sobre assuntos pertinentes a carreira de magistrado. O presidente da ACM convidou os participantes ainda a refletirem sobre a questão do ativismo judicial e da importância de manter o foco no papel fundamental de aplicar a lei.

Participações

O evento teve participação significativa dos associados, tanto em termos de presença quanto de intervenções nas discussões.

Prestigiaram os debates, os presidentes da Associação dos Magistrados Piauienses (Amapi), Thiago Brandão; da Associação dos Magistrados da Bahia (AMAB), Élbia Araújo; da Associação dos Magistrados de Sergipe (Amase), Gustavo Plech; da Associação dos Magistrados do Amazonas, Cássio Borges; o coordenador da Justiça Estadual da AMB, Frederico Mendes Júnior; e dois ex-presidentes da ACM: Michel Pinheiro e Ricardo Barreto.