Livro “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola” relata episódios de abandono, violência e segregação sofridos pela escritora, poetisa, dançarina, atriz e ativista dos direitos civis

A primeira dica cultural do ano de 2019 vem da juíza aposentada Socorro Figueiredo. Ela indica a leitura da autobiografia de Maya Angelou, que nasceu nos Estados Unidos, em 1928 e teve uma vida marcada por grandes traumas, mas também por muito protagonismo. A obra foi intitulada “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola” e é a primeira criação literária da autora.

Maya Angelou foi vítima de estupro aos 8 anos, mas com a ajuda da literatura superou o passado violento e se tornou a primeira mulher negra a ser roteirista e diretora de cinema em Hollywood. Mas já na adolescência, ela havia desafiado preconceitos raciais e de gênero que marcavam sua época, sendo primeira motorista de ônibus de San Francisco. Ela foi ainda poetisa, dançarina, atriz e ativista dos direitos civis.

Segundo a juíza Socorro Figueiredo, o livro é “pesado, dolorido, mas, sobretudo, com uma sutileza de frases que arrebata a alma humana a pensar, assim como essa frase que me tocou profundamente: ‘Não existe agonia maior do que guardar uma história não contada dentro de você’”. Ela acrescenta que a autobiografia é “traçada por abandono afetivo, pela violência, segregação racial e, com certeza, suas memórias foram escritas com a subjetividade de uma mulher que passou a expor suas dores, seus traumas e sua intimidade, mas, contudo, é de fato que a literatura a conduziu a uma sensibilidade incrível”.