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Dizendo buscar a supressão de privilégios e redução de desigualdades, o governo demonstra, por seus atos, o contrário. Cito, por exemplos, o subsídio a petrolíferas e a montadoras; o Refis, – quase um perdão de dívidas e o dos que não pagaram o Simples, – mais o parcelamento dos empresários rurais com o Funrural. Essas medidas, juntas, trarão impacto maior do que a receita a ser auferida, caso aprovada, na Reforma da Previdência, havendo indícios de que as concessões e renúncias continuarão. O pior é que não há discussão com a sociedade, nem contestação forte no Parlamento, muito menos repercussão na mídia, até parecendo que estamos num País totalitário. Os meios de comunicação dizem que parlamentares estão sendo aliciados mediante verbas e cargos (públicos), isto é, remunerados para apoiar o Executivo, antes para evitar a instauração de ação penal contra o presidente, agora para aprovar matérias do interesse deste. Mas, o processo resultante do Mensalão não foi provocado exatamente porque parlamentares recebiam dinheiro para aprovar interesses da então presidente? Não se diga que o dinheiro está sob a rubrica de emendas, vez que uma simples investigação da PGJ estabeleceria a coincidência entre os apoiadores e beneficiados e, também, por fatos públicos e notórios independerem de provas. A apatia do povo resulta tanto da banalização da corrupção – uma mala cheia de dinheiro nada prova – quanto da omissão da parte boa do Parlamento e da imprensa, grandes indutores de mobilização. É imperioso que, sob pena de imperdoável inércia, esclareça-se à população sobre a fórmula de Macron, que conecta a economia de mercado aos direitos sociais, desprezando-se as ditaduras do proletariado e do empresariado, buscando-se o equilíbrio da virtude.

Byron Frota. Magistrado

Fonte: Diário do Nordeste