Entre outras ações, agressores participam – obrigatoriamente – de grupo de apoio e recebem tratamento psicológico.
A violência não é apenas um problema policial, de segurança pública. Trata-se também de uma questão social, na qual a conscientização e a participação familiar são fundamentais. No caso da mulher a situação não é diferente e a manifestação das vítimas ainda é muito reprimida.
Por esses motivos a juíza da 2ª Vara da Justiça da Comarca de Quixadá, Ana Cláudia Gomes de Melo, passou a desenvolver uma nova dinâmica no combate à violência de gênero.
Os agressores estão participando de um grupo de apoio e recebendo tratamento psicológico.
A inovação no trato da violência de gênero surgiu com a criação do Grupo de Retificação Subjetiva do Agressor, a cargo do Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), do curso de Psicologia do Centro Universitário Católica de Quixadá, a Unicatólica.
Participação no grupo é obrigatória, atendendo medida judicial
O Fórum de Justiça de Quixadá Desembargador Avelar Rocha, do qual a juíza atualmente é diretora, firmou parceria para a criação do grupo especial e a aplicação da dinâmica. Quando são deferidas medidas protetivas de urgência, a participação no grupo é uma das obrigações, explicou a magistrada.
Cada reunião, em um total de 12, cumpre um objetivo específico. Tais como:
Do estímulo a adesão espontânea dos participantes;
Respeito à história do outro;
Expressão e manifestação das emoções;
As dificuldades em razão da forma como foram educados;
Resgate da história de vida de cada um;
Questões de gênero;
Paternidade;
Cuidado com os filhos;
Alternativas para o controle pessoal;
Resolução de novos conflitos sem o uso da violência.
Limite de 12 homens; entenda
O ciclo é fechado com a proposta de resgatarem sonhos e desejos. Os encontros ocorrem uma vez por semana, com duração de duas horas cada. No máximo, em cada grupo, participam 12 homens.
Para se obter resposta positiva dos participantes o programa é focado em quatro componentes: cognitivo, educativo, emocional e comportamental.
E se o agressor faltar?
Como a participação no grupo reflexivo é obrigatória, atendendo medida judicial estabelecida pela representante do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) na 2ª Vara da Comarca de Quixadá, até a eventual falta a uma das reuniões foi observada. Para desestimular a quebra do ciclo, nos casos de falta não justificada o infrator deverá participar de outros dois encontros complementares.
A parceria pela Paz nas Relações Domésticas e Familiares e Combate à Violência de Gênero teve início em julho passado.
Vítimas de violência também são alvo
Além do tratamento psicológico dos agressores, a assistência às vítimas de violência está ocorrendo através de diálogos, deixando-as livres para expressarem suas dores e traumas, promovendo também a autoestima, além de lhes assegurar as prerrogativas legais previstas na Lei Maria da Penha.
Juíza e delegada palestram em escolas
Juntas, a juíza e a delegada Juliana Siebra, com suas equipes, estão visitando os bairros e comunidades rurais de Quixadá. Os encontros estão ocorrendo nas escolas. Estudantes e os pais participam e acompanham atentos às orientações. Muitos ficam surpresos com a presença de uma juíza e da delegada na escola.
Como as explicações de amparo judicial e policial às mulheres são simples e rápidas algumas se sentem encorajadas a buscarem o amparo.
Conforme a juíza Ana Cláudia de Melo, há quatro anos atuando em Quixadá, a violência contra a mulher, também denominada violência de gênero, marcadamente é consequência de fatos sociais.
A sociedade brasileira tem sido responsável por criar estereótipos que levam a opressão e a vitimização da mulher, através de ideologia machista e conservadora. Por esses motivos, faz-se necessário mudar a conduta de cada um dos envolvidos no cenário de violência doméstica.
SERVIÇO
Central de Atendimento à Mulher
Ligue 180 é um serviço de utilidade pública gratuito e confidencial. O atendimento é oferecido 24 horas por dia, todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados.
Fonte: Diário do Nordeste