O poder da palavra
Por
Benedito Helder Afonso Ibiapina
Juiz de Direito da 16ª Vara Cível de Fortaleza (CE)
Prefere a palavra escrita ou a falada? Depende de quem a ouve ou lê. E da ocasião. Eu prefiro a escrita. Sabem por quê? Porque “As palavras voam e os escritos ficam”. Pelo menos é o que nos ensina a sabedoria lusitana. Preferências à parte, escritas ou faladas, as palavras podem ser fonte do bem ou do mal. Servem para confortar ou machucar as pessoas. Fechar ou abrir feridas. Elevar o espírito ou oprimir o coração. Podem ser lidas e/ou ouvidas em prosa e verso. Cantadas, então, as palavras são música para os ouvidos. Literalmente. Não raro, como diria o poeta, “A música é para os ouvidos o que a luz é para os olhos”. Ou seja, a palavra é essencial. No ato de ler ou ouvir, percebemos o poder da palavra. No coração, contudo, é que sentimos seu imenso (e intenso) poder.
Portanto, amigo leitor, tenha cuidado com o uso das palavras. Elas podem ser benditas ou malditas. Podem ajudar na construção, reconstrução ou destruição de vidas. Nem sempre “A palavra é de prata e o silêncio é de ouro”. Há momentos em que uma palavra pode salvar uma vida. Vale ouro. E o silêncio, não vale uma prata. A palavra pode ser uma benção. O silêncio, uma maldição. A palavra pode iluminar o coração ou mergulhá-lo nas trevas.
Certa vez, no YouTube, assisti a um vídeo sobre motivação. Nele, seu autor mostrou com pertinência o poder da palavra. O título já dizia tudo: “O poder da palavra. O cego e o publicitário”. Na cena, um cego na calçada pede esmolas. No centro, põe uma lata. Ao lado, fixa um papelão com os seguintes dizeres: “Sou cego, por favor me ajude”. Um ou outro transeunte se apiedava, depositando uma moeda. A maioria, contudo, passava indiferente ao apelo. Um publicitário se aproxima. Quer ajudar. Colhe o papelão e, no verso, escreve outra frase e vai embora. A reação dos transeuntes é imediata. Muitos se voltam para o cego e depositam moedas. Aos poucos, em vez de uma, o cego precisa das duas mãos para recolher as moedas, pois volumosas eram as doações. Pouco depois, o publicitário volta. Reconhecendo nele o autor da valiosa ajuda, o cego pergunta: – O que você escreveu? – Escrevi a mesma coisa. Mas com outras palavras! respondeu o publicitário.
Era uma linda manhã de sol, o suficiente para inspirar o publicitário. Bem por isso, no papelão, ele escreveu a seguinte frase: “É um dia lindo e eu não posso vê-lo”.