Na edição de hoje, 17 de outubro, o Jornal O Povo veiculou o artigo do presidente da Associação Cearense de Magistrados (ACM), Juiz Ricardo Barreto. O texto fala do IV Encontro da Magistratura Cearense, a ser realizado hoje e amanhã na Escola Superior da Magistratura do Estado do Ceará (Esmec). Confira a matéria na íntegra:
A magistratura e os “ossos do ofício”
Magistrados cearenses estão, hoje, reunidos para discutir os “ossos do ofício”, na expressão popular referente a algo desagradável que acompanha uma profissão.
Trata-se do IV Encontro da Magistratura Cearense (EMC 2013) que, deixando de lado discussões jurídicas, se dedica a entender as causas do estresse e fadiga a abaterem os juízes brasileiros, em número crescente. Para tanto, o evento traz o tema: Magistrado: Vida, Profissão e Saúde – Repercussão nas decisões judiciais.
A questão tornou-se tão relevante que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ainda em 2011, constituiu grupo de trabalho visando desvelar os principais agentes estressores da atividade judicante e o modo de combatê-los, levantando os números acerca do problema no País.
O ato de julgar é solitário, requer isenção e constante estudo. Sobre nós, paira a responsabilidade pela liberdade, patrimônio e destino das pessoas, o que já seria suficiente para manter alto o nível de adrenalina do mais pacífico monge. Além disso, exercemos a magistratura ao mesmo tempo em que somos pais e mães, amigos e vizinhos, sujeitos às mesmas influências, violência e dramas da sociedade.
No Ceará, soma-se a isso uma estrutura física de trabalho inadequada, baixo número de servidores e uma carga processual cada dia maior, premiada por metas ambiciosas, impostas pelo CNJ, cuja atuação se restringe a apontar problemas, sem participação nas soluções.
No EMC 2013, nomes da Psiquiatria, como Augusto Cury e Ana Beatriz Barbosa; da Psicologia, Marilda Lipp; da imprensa, Caco Barcelos; do Direito, Mantovanni Colares e Cláudio Baldino Maciel, têm o desafio de auxiliar os integrantes do Poder Judiciário cearense a compreender os limites de sua humanidade, falibilidade e carências, ao tempo em que ajudarão a fortalecer-nos e sermos melhores, para nós mesmos e para a sociedade, a qual deposita, em nós, a confiança na manutenção da paz em meio a tantos litígios.