Dezenas de velas foram colocadas, no fim da tarde de ontem, nas margens da Lagoa da Parangaba, para encerrar a VIII Semana de Valorização da Vida e marcar a terceira edição do Lanternas da Paz. Crianças, jovens e idosos seguiram em pequena procissão pelo entorno da lagoa com a proposta de fazer um pedido público de paz não somente para o bairro, mas para toda a Capital.
Nesta edição do Lanternas da Paz, pessoas ligadas às entidades organizadoras do evento, Centro de Valorização da Vida (CVV) e Associação Cearense de Magistrados (ACM), além de membros de movimentos sociais e católicos, fizeram orações em homenagem aos mortos no massacre das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial. A oração também lembrou as vítimas da violência urbana no Brasil.
"Estamos plantando uma semente de paz neste momento. Todas as pessoas que se dispuseram a vir aqui e colocar a lanterna na lagoa são iluminadas. Levamos no coração o trabalho de cada pessoa que participou da Semana de Valorização da Vida. Sabemos que esse nosso gesto, isoladamente, não resolve o problema da violência, mas é uma iniciativa importante para quem acredita na paz. Muita coisa ainda deve ser feita. Como podemos pensar na paz geral se ainda há pessoas morrendo de fome?", questionou Gilmaíse Oliveira, voluntária do CVV e organizadora do evento.
Para a funcionária pública Arlete Tôrres, a iniciativa de lançar as velas na lagoa, além de ser um gesto visualmente bonito, mostra que ainda podemos acreditar no amor e na fraternidade entre as pessoas. "Estamos no início de um processo que pode salvar a humanidade de tanta barbaridade. Somente a paz pode nos proporcionar o futuro que sonhamos para as nossas crianças", comentou.
Após colocar as lanternas nas margens da lagoa, cada pessoa recebeu um balão branco com uma mensagem de paz dentro. "São ensinamentos para que todos reflitam e percebam que suas almas são iluminadas e também têm o poder de iluminar o caminho de outras pessoas. É nisso que se baseia o tema da Semana de Valorização, que foi: Pela Paz, Mude um Destino", disse Gilmaíse.
Juizado e conselho
Nesta edição do evento, os pontos abordados foram a adoção consciente e o consumo com responsabilidade social. "Após debates e estudos, foi elaborada uma tese, que será apresentada no XX Congresso dos Magistrados, no fim deste mês, em São Paulo, defendendo que cada juizado especial do País tenha um conselho comunitário de apoio. Esse modelo funciona há nove anos na Parangaba, na 17ª Promotoria. O trabalho associado é exemplar", afirma, com firmeza, a voluntária do CVV.
Essa proximidade entre conselho e promotoria, segundo Gilmaíse, proporciona uma maior sensibilidade da Justiça. "Nos casos de adoção, que foram enfatizados nesta edição da Semana de Valorização da Vida, é necessário considerar que a mãe que entrega o filho faz aquilo por um gesto de amor. Para não ver a criança morrer de fome. Esse trabalho do Juizado com o conselho permite que haja essa percepção", concluiu.