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As magistradas visitaram o projeto Quatro Varas, no bairro Pirambu | Foto: Gabriela Carvalho

22 magistradas de Rondônia visitaram a comunidade do Pirambu, em meio a um calendário de atividades realizadas em Fortaleza, de 7 a 12 de agosto, que consistiram no IV Encontro de Magistradas do Estado de Rondônia (EMAGRO), promovido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia (TJRO), com o objetivo proporcionar maior qualidade de vida aos magistrados. A coordenadora da Coordenadoria de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos da Associação Cearense de Magistrados (ACM), juíza Maria das Graças Quental, acompanhou as juízas, no dia 11 de agosto, durante visita ao projeto Quatro Varas, no bairro Pirambu.

Com os pés descalços, sentadas no chão de uma estrutura muito parecida com uma oca indígena, com olhares atentos e bastante participativas, em meio à comunidade, as magistradas participaram de uma roda de terapia comunitária integrativa. Técnica que reúne diversas pessoas para compartilhar experiências e estimula a integração social.

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A terapia comunitária integrativa reúne diversas pessoas para compartilhar experiências e estimula a integração social | Foto: Gabriela Carvalho

A juíza Sandra Silvestre, integrante do juizado especial de Rondônia, falou sobre o objetivo da visita. “Cada vez mais buscamos mecanismos de solução pacífica de conflitos e aproximação das comunidades. Viemos até aqui em busca de mais um instrumento de aproximação da população, para fazer com que a magistratura de Rondônia construa algo positivo para a comunidade. A comunidade do nosso estado é extremamente carente, com dificuldades muito peculiares e é preciso muita criatividade. É preciso que o juiz tenha esse papel social de levar à comunidade mais do que a justiça formal. É necessário que os juízes compreendam e façam parte desse olhar que alcança a comunidade como um todo. Das suas necessidades, das crianças, das mulheres, dos direitos sociais e dos direitos humanos”, disse.

Partilhando a ideia, a representante da ACM, juíza Maria das Graças Quental, destacou que “a justiça só tem sentido se for interagindo com a sociedade. O juiz não pode ficar isolado como uma peça diferente. Ele deve estar sempre no meio da sociedade”, afirmou.

“Essa é a primeira vez que um grupo de magistrados visita o projeto. Temos que humanizar muito. Queremos uma justiça aberta, ligada, uma justiça restaurativa. Que venha a comunidade e sinta na pele a realidade. Essa visita das magistradas representa uma quebra de paradigmas”, declarou o advogado Airton Barreto, um dos idealizadores do projeto Quatro Varas.

Resplande Ser
O Encontro de Magistradas do Estado de Rondônia (EMAGRO) acontece uma vez por ano e faz parte Projeto “Resplande Ser: Tecendo Relações”, desenvolvido pelo TJRO. O projeto desenvolve atividades durante todo o ano, dentre elas, o acompanhamento dos juízes que estão em estágio probatório, atendimento psicossocial para os magistrados e promoção dos encontros de saúde e qualidade de vida dos magistrados. Atualmente, o Resplande Ser atende a cerca de 60 magistrados. Dentre eles, 21 juízes que estão no estágio probatório e 46 magistradas.

“Estou numa instituição, mas não pertenço apenas a ela. Pertenço a uma comunidade. Isso é importante. Eu exerço um papel social que permite que eu promova a melhoria da qualidade de vida das pessoas. O Resplande Ser me mostra isso. O papel da Justiça é a pacificação social. Nesse tipo de metodologia, nos conseguimos atingir as pessoas e acalmar o coração delas. Quando você consegue fazer isso, você planta a paz e faz com que as pessoas vivam bem. Esse é o papel da justiça, fazer com que as pessoas vivam bem”, explicou a magistrada Duilia Sgrott Reis, titular da 10ª Vara Cível de Porto Velho.

Com 20 anos de magistratura, participante desde o I EMAGRO, a juíza Ursula Souza, titular da 8ª Vara Cível de Porto Velho define o projeto Resplande Ser como essencial para o equilíbrio das emoções, além de estreitar os laços entre os magistrados. “Esse trabalho de humanização da mulher é essencial para equilibrar o emocional e o pessoal. Hoje eu tenho amigas. Antes eu tinha colegas de trabalho. Trabalho com minha equipe de maneira mais humanizada, reconhecendo as dificuldades, dando apoio. É trazer as emoções para um plano saudável. Eu era mental. As emoções não me atingiam. Hoje eu acolho as pessoas e minha equipe. Trabalho de maneira mais integrada”, falou.

Uma das responsáveis pelo projeto, a psicóloga Mariangela Onofre, explicou que “a ideia faz parte do cumprimento das metas institucionais, que visa à humanização da justiça. A instituição entende que, para isso, é necessário acolher e humanizar o magistrado”, disse, acrescentando que “ao longo de sua existência, o Resplande Ser apresentou melhorias significativas para a prestação jurisdicional, como maior assiduidade dos magistrados, devido à redução no número de atestados médicos recebidos pelo TJRO.