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Encontro reuniu magistrados e estudantes do 6º ano da Escola Municipal Prof.ª Aldaci Barbosa

Ocorreu na tarde da sexta-feira, 22 de agosto, o primeiro encontro entre juízes e estudantes proporcionado pelo Projeto Judiciário e Cidadania, desenvolvido pela Associação Cearense de Magistrados (ACM), como parte do “Movimento pela Democratização e Transparência do Judiciário”, que visa aproximar o Poder Judiciário e a sociedade por meio da escola. O evento, realizado na quadra da Escola Municipal Prof.ª Aldaci Barbosa, foi a etapa prática da capacitação de magistrados, coordenadores pedagógicos e professores promovida nos dias 21 e 22, no curso “O Magistrado e a Construção de Modelos para o Aprimoramento da Cidadania e Conscientização da População”.

A escola é uma das seis – uma de cada regional de Fortaleza – que receberá o projeto piloto do projeto, com duração prevista de três meses, e tendo como público-alvo os alunos do 6º ano (faixa etária entre 11 e 12 anos). O projeto tem o apoio da Secretaria Municipal da Educação. No colégio visitado, cerca de 70 estudantes participaram do bate-papo sobre cidadania, direitos, deveres e o funcionamento dos serviços de justiça.

A coordenadora pedagógica do colégio, Iara Mendonça, vê a iniciativa com expectativa para disseminar bons valores aos adolescentes em meio à realidade de marginalidade e criminalidade. “O pessoal está bastante empolgado. Os magistrados estão bem atentos, comprometidos. Isso dá mais força ao projeto. É uma ação bastante válida e a comunidade e os alunos estão necessitando disso. A cidadania, o respeito ao outro, o cumprimento dos deveres é bastante importante na formação dos estudantes”.

Da mesma escola, também participaram as professoras de Português, Tatiane Ribeiro e de Ciências, Sara Ramos. Para a primeira, o projeto pode contribuir para os alunos superarem um sentimento de exclusão que têm muitas vezes. Sara observa que “pelo contato com a criminalidade, às vezes eles veem o Judiciário como inimigo e podem vê-lo como uma parte da sociedade que não vai maltratá-los, mas que pode servi-los”.

Entusiasmo e próximos passos
O sentimento nos dois dias de curso e a expectativa de implantação do projeto refletem-se nas palavras da juíza Neuma Dias. “É de um entusiasmo sem limite e contagiante, além de consciência da responsabilidade. O juiz vai, finalmente, ter um contato direito com a sociedade. Interagindo com as crianças nós vamos ter o retrato da sociedade que nos procura e para a qual se destina o nosso trabalho”, pontuou.

“A gente percebeu que os professores abraçaram a ideia junto conosco, o que é fundamental para o êxito do projeto”, avalia a juíza Daniela Rocha. De acordo com a magistrada, em breve será definido o calendário das ações. Serão 90 dias de projeto piloto, seguidos de avaliação, com previsão de resultados positivos e nova edição no primeiro semestre do ano que vem, alcançando outras escolas.

Também partilha boas perspectivas a juíza do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Léa Martins Sales Ciarlini, que foi uma das facilitadoras do curso e acumula experiência como voluntária e coordenadora do Programa Cidadania e Justiça na Escola, desenvolvido pela Associação dos Magistrados do Distrito Federal e Territórios (Amagis-DF). “Senti uma comunicação muito forte entre os magistrados e os professores. Aqui essa parceria está funcionando e em um curto a médio prazo vamos ver resultados maravilhosos em auxiliar esses alunos a ter senso crítico, a conhecer melhor as instituições do país, especialmente o Judiciário”, avaliou.

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Capacitação abrangeu juízes, coordenadores pedagógicos e professores municipais

Cidadão em formação
O caráter autônomo do projeto, o fato de não ser uma política pública, bem como a escolha da escola, enquanto local de aprendizado, são destacados pela professora do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB), Ana Miriam Wuensch, a outra facilitadora do curso de capacitação. “Os professores são autores, decidindo como planejar e participar, as crianças são protagonistas, os juízes aderem voluntariamente. Há um exercício efetivo da cidadania pelo entendimento do valor desse trabalho numa faixa etária estratégica, de um cidadão em formação”, analisa.

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