Esta foi a segunda edição do levantamento, que agora contou com a participação de 137 magistrados e de 65 jornalistas

Para responder à pergunta: “o que pensam os magistrados e os jornalistas a respeito da magistratura?”, foi aplicada, em junho deste ano, uma pesquisa com magistrados e jornalistas. Realizada pela VSM Comunicação – agência responsável pela Comunicação da Associação Cearense de Magistrados (ACM) – em parceria com a jornalista e bacharel em Direito, Andrea Melo, os dados apurados apontam uma mudança positiva na forma como estes dois públicos enxergam a magistratura; e uma distorção entre a perspectiva que os jornalistas têm acerca da atuação dos juízes em relação àquilo que os próprios magistrados apontam sobre seu trabalho.

Esta foi a segunda edição do levantamento, que agora contou com a participação de 137 magistrados e 65 jornalistas. No primeiro, em 2014, foram 72 e 57, respectivamente. Segundo Andrea Melo, a pesquisa nasceu de uma inquietação que surgiu ao perceber uma imensa quantidade de matérias negativas na imprensa, culpando o Judiciário por toda a morosidade da Justiça e criando um estereótipo de que juiz não trabalha. No entanto, a realidade é completamente diferente: a grande maioria dos juízes trabalha muito, mais de 8 horas por dia.

“Não devemos esquecer que a Justiça é um sistema que envolve vários atores. Além de possuirmos uma imensa quantidade de litigantes repetitivos, como o Estado e as grandes empresas, somos o país com a maior quantidade de faculdade de Direito no mundo: 1.240, segundo consta na publicação Guia do Estudante, da editora Abril. Para se ter uma ideia, o restante do mundo junto possui 1.100 cursos de Direito. Se comparar a quantidade de juízes x advogados, temos uma relação de 18 mil juízes para mais de um milhão de advogados (1.144.196 )”, ressalta Andrea Melo.

Um dos dados levantados nesta pesquisa mostra uma grande diferença na forma como os jornalistas avaliam a categoria, no tocante ao que os juízes dizem sobre sua rotina, em relação ao estresse na profissão: 60% dos magistrados consideraram alto o seu nível de estresse com relação à sobrecarga de trabalho; 29% consideram esse nível médio; e 4% consideram baixo. Já os jornalistas imaginam o nível de estresse dos magistrados da seguinte forma: 39% alto, 48% médio e 12% baixo.

Outro ponto: a pesquisa perguntou se os magistrados costumam trabalhar aos finais de semana. Um total de 59,85% respondeu que “sim” e 40,15% que “não”. Na contramão destes números, 75% dos jornalistas dizem que eles não trabalham aos sábados e domingos, e apenas 25% acreditam que sim.

“Este levantamento é de extrema importância para, em primeiro lugar, buscarmos entender o porquê de tão grande distorção entre o que os juízes fazem e como os jornalistas, que trabalham com fatos, estão enxergando nossa atuação. Este é o primeiro passo para mudarmos esta visão e melhorarmos, inclusive, a maneira de nos comunicarmos com a sociedade, por meio da imprensa”, aponta o juiz Ricardo Alexandre Costa, presidente da ACM.

A comunicação e os magistrados
A pesquisa realizada em junho de 2018 mostrou os resultados dos investimentos em comunicação pela ACM. No quesito comunicação com os associados, o levantamento apontou que 75,38% deles se atualizam sobre as notícias da magistratura através da ferramenta Whatsapp, em que a ACM possui lista de transmissão; 15,38% acessam o site da ACM para buscar novidades; 7,69% através de conversas pessoais com colegas; e 1,54% pela rede social Instagram.

Os acessos ao site da ACM tiveram um acréscimo considerável nos últimos quatro anos. Em 2014, apenas 13,8% o acessava diariamente. Em 2018 esse número saltou para 22,22%. Muitos magistrados demonstraram satisfação com a comunicação, classificando-a como: ótima e 91,18% afirmou que a ACM deveria ter um orçamento fixo de comunicação e marketing, de modo a melhorar a imagem da carreira.

“Estes resultados, mesmo que ainda incipientes, comprovam que as iniciativas da ACM, para melhorar a comunicação com os públicos interno e externo, estão rendendo bons frutos, mudando a visão da imprensa sobre a Magistratura. A participação dos associados neste processo é indispensável para avançarmos ainda mais”, diz Joriza Pinheiro, Diretora de Comunicação da ACM.