imageO desembargador Teodoro Silva Santos é um dos agraciados com o 46º Troféu Sereia de Ouro. A escritora Angela Maria Rossas Mota de Gutiérrez, o médico Anastácio de Queiroz Sousa e o cineasta Karim Aïnouz também recebem a comenda, na sexta-feira, no Theatro José de Alencar

Gratidão e generosidade são palavras que ganham significado especial na vida do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, Teodoro Silva Santos. O magistrado – nomeado em 2011 desembargador e integrado na 2ª Câmara Cível – nasceu em Juazeiro do Norte, numa família de 18 irmãos. Seguiu os conselhos da mãe de estudar para transformar sua vida.

Há 40 anos, deixou sua terra natal, sozinho, para ingressar na Escola de Sargentos, em Fortaleza. Entrou para a Polícia Militar, como soldado, chegou a ser sargento e, mais tarde, delegado especial. Teodoro Santos escolheu trilhar o caminho das Ciências Jurídicas. Foi promotor de Justiça e se sente realizado ao exercer as duas funções, que se complementam, a de magistrado e a de professor.

Além do TJCE, ele é o responsável pelas disciplinas de Processo Penal, nos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade de Fortaleza (Unifor). Ele também ensina na Escola Superior da magistratura (Esmec), professor- fundador da Escola Superior do Ministério Público do Estado do Ceará, além de atuar em cursinho preparatório para profissionais da área jurídica.

“O que me levou a ingressar no magistério foi o vínculo que identifiquei entre a prática jurídica de ministério público, magistrado e o ensino”. Na condição de professor, é possível adequar a prática forense à teoria, constata, completando sentir-se realizado na sala de aula, mesma sensação que tem na Magistratura. “Não tenho o magistério como bico. Pelo contrário, ensinar e praticar a magistratura são funções que se complementam”.

Sendo assim, admite não ter como estabelecer uma hierarquia entre ambas, identificando uma complementação recíproca. “Eu me completo”, revela, afirmando que a vida profissional, toda voltada ao curso de Direito, deve tudo à Unifor. Houve um período que a universidade era como a extensão do meu lar. “Foi de lá que saí para ser advogado, promotor, delegado, desembargador e continuo ensinando com vocação, amor e respeito”.

Retribuição
Teodoro Santos ingressou no curso de Direito da Unifor, em 1984. Não demorou nem mesmo três anos para se formar em Direito. Tinha pressa. A intenção era retribuir toda a ajuda que havia recebido, sobretudo, da mãe, Alaíde Silva Santos.

“O objetivo maior de minha mãe era garantir a educação dos filhos”, recorda o magistrado. A lição aprendida foi a da perseverança. “Lamentavelmente, quem vem do Interior, de família pobre, sofre discriminação. Mas consegui superar tudo isso”, revela. Teodoro faz questão de lembrar suas origens, de uma família pobre, do sertão. “Agradeço a Deus todos os dias porque ele me deu força para enfrentar as dificuldades”, conta o desembargador, devoto de Padre Cícero Romão Batista, daqueles que vestem preto no dia 20 de cada mês.

“A gratidão é a melhor qualidade do homem”, declara o magistrado, que chegou a ser seminarista da Ordem franciscana. “A quem Deus promete, não falta”, ensina o desembargador, atento às necessidades dos menos favorecidos pela sociedade. Para Teodoro Santos, o que se faz pelo próximo não pode ser tomado por um favor. É, em seu entendimento, o cumprimento com o dever de cidadão.

“Hoje, me sinto realizado e conheço o sabor da vitória”. Define-se como um homem sem vaidade, citando como patrimônio o lar exemplar, a excelente família, que fica completa com os irmãos. Tudo que conseguiu na vida foi graças ao Direito, paixão que só aumenta, sendo materializada nas publicações.

Até mesmo nas horas de lazer, dedica parte do tempo ao estudo das Ciências Jurídicas, seja elaborando artigos para revistas nacionais e internacionais, seja escrevendo livros. Está marcado para outubro o lançamento de mais uma obra de sua lavra, “Princípio do direito ao silêncio e de não produzir prova contra si”.

Outra forma de realização do magistrado, é quando distribui “justiça com justiça”. Ou seja, atendendo aos reclames dos que fazem jus, sobretudo, os menos favorecidos social e financeiramente. Isto é, julgar com razoabilidade, despido de emoção, porém, sem perder a essência da humanização. “O ser humano jamais poderá renegar o exercício da gratidão e do respeito à dignidade da pessoa humana”.

A Justiça deve também ser temperada com a agilidade até porque, justiça tardia é justiça falha. A Constituição de 1988 é uma das melhores do mundo, justificando ser centrada no estado democrático de direito, cujos pilares são dois: princípio da dignidade da pessoa humana e os direitos e liberdades individuais.

Fonte: Diário do Nordeste