Que dirigentes o TJ-CE necessita?
O Tribunal de Justiça do Ceará escolheu seus dirigentes, renovando a gestão no próximo biênio. O debate sobre a escolha é livre, mas o direito de voto está restrito aos desembargadores. A peleja pela participação dos juízes deve ter eco no Congresso, pois a maioria dos tribunais entende que só mudança da Constituição pode democratizar a escolha. Mesmo assim, os juízes indagam, com o direito que lhes cabe: o TJ necessita de que dirigentes?
De início, querem dirigentes que deem valor aos juízes, que são os que sofrem com quantidade desumana de processos. Não há servidores em número adequado para a realização mínima de tramitação processual. Procuram dirigentes que saibam demonstrar ao Governo Estadual que o Judiciário não tem merecido a atenção devida, principalmente na questão orçamentária, imprescindível para a celeridade dos atos judiciais. Necessitam os juízes de dirigentes sensíveis e pacientes, que saibam ouvir juízes e servidores e procure acolher a todos como humanos sujeitos às imperfeições e não como máquinas despersonalizadas programadas para produzir resultados nos processos.
Humildade será uma forte qualidade esperada, pois ninguém nasce sabendo das coisas. Não é possível ao arrogante o amor. Reconhecer o erro torna o ser humano mais consciente de sua missão no planeta. Administrar ouvindo impede a desgraça individual. Espera-se lisura em seus atos. Sem tais qualidades nunca teremos Judiciário respeitado e seremos sempre o retrato da ineficiência e o fracasso pela ineficácia. Urge reação adequada e choque de gestão que convença. Ninguém é detentor da verdade e nem proprietário do Tribunal. Com o devido respeito, os juízes, sentindo-se alijados do processo de escolha, rogam que os eleitos pelo Tribunal atendam às reivindicações históricas da magistratura cearense. Tudo isso levará o Judiciário a garantir mais justiça social.
Michel Pinheiro
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Juiz e ex-presidente da Associação Cearense dos Magistrados (ACM)
Fonte: Jornal O Povo
