20140214_OE_Mobilização denuncia carência de 107 juízes

COTIDIANO
Mobilização denuncia carência de 107 juízes

Os magistrados cearenses realizaram, na tarde de ontem, uma mobilização no Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJ-CE), no Cambeba. O objetivo é sensibilizar os desembargadores para a solução de dificuldades que a categoria tem enfrentado. Representando a classe, a Associação Cearense de Magistrados (ACM) vem buscando resoluções por meio de diversas reuniões e audiências com representantes do TJ-CE, porém sem soluções efetivas. Dentre os pleitos, o presidente da ACM, o juiz Antônio Araújo, destaca a carência de 107 juízes, deficiência de segurança nos fóruns, carência de 238 servidores e estrutura de trabalho inadequada.

Com a falta de juízes, muitos dos que estão em exercício são designados pelo TJ-CE para atuar em comarcas, além da unidade em que são titulares e sem a remuneração correspondente. Segundo Araújo, a situação é mais delicada no interior, onde mais de 70% dos magistrados respondem por mais de uma comarca, sendo que alguns chegam a responder por até cinco comarcas. “Na atualidade, em que não existe uma unidade judiciária [vara] com menos de dois mil processos, fica significativamente prejudicado o propósito de oferecer uma Justiça célere e eficiente. Isso traz prejuízos para toda a sociedade”, alerta o presidente da ACM.

Segurança
Os magistrados também pleiteiam mais segurança para os fóruns das comarcas do interior, e ressaltam que alguns deles já foram invadidos e promotores ameaçados. “Os prédios não têm recursos adequados de proteção, sendo comumente alvo de invasões e atos de violência. Há os casos de juízes que sofrem ameaças, em virtude do exercício da função, e não recebem a proteção necessária. São muitas as solicitações da categoria, mas com tudo queremos melhores condições de trabalho, para a magistratura como um todo”, acrescenta Araújo. Em 2012, foram registradas 18 ocorrências criminais nos fóruns estaduais.

Mobilização
Reunidos no Plenário Conselheiro Bernardo Machado da Costa Dória, os magistrados ouviram o pronunciamento do desembargador Raimundo Nonato, que propôs ao presidente do TJ-CE, Luiz Gerardo de Pontes Brígido, a criação de uma comissão composta de quatro membros, com o intuito de estudar algumas propostas no prazo de trinta dias.

Dentre elas, a implantação de gratificação aos magistrados por cumulação de funções (tanto judiciais, como as administrativas), pagamento de auxílio alimentação com valores retroativos, a partir do segundo semestre de 2006, criação do cargo de assessor de juiz, a fim de melhorar o desempenho do primeiro grau do judicial, criação da comissão permanente de apoio ao primeiro grau de jurisdição e a alteração do regimento interno do Tribunal para inserir os termos gestão participativa e gestão democrática como modelo de administração.

Após o pronunciamento do desembargador, o presidente do TJ-CE solicitou que os pedidos fossem protocolados e encaminhados à presidência, que repassará aos desembargadores para revisão.

Próximos passos
Todos os magistrados retiraram-se do plenário em forma de protesto, já que a palavra não os foi concedida e dirigiram-se ao setor de protocolos. Após protocolar as solicitações, os juízes reuniram-se, informalmente, no restaurante do Tribunal, para conversar sobre os próximos passos a serem tomados. “Nós conversamos e decidimos fazer uma assembleia no dia 14 de março para discutirmos as pautas e definirmos os rumos da nossa luta. Antes dessa reunião, iremos acionar o Conselho Nacional de Justiça sobre os nossos pleitos”, informou Antônio Araújo.

Fonte: O Estado